segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um pouco de história ...




A origem do nome Odivelas está como o nome de tantas outras freguesias e concelhos de Portugal, envolto numa lenda que perdura pelos séculos.
Conta-se que D. Dinis tinha o hábito de se deslocar à noite a Odivelas onde se encontrava regularmente com raparigas do seu agrado. Certa noite, sabendo a rainha do que se passava resolveu esperá-lo e quando o rei fazia o seu percurso para o encontro, a rainha interpelou-o e eis que proferiu as seguintes palavras:
"- Ide vê-las senhor....."
Afirma-se que de "Ide vê-las", por evolução, teria surgido o nome Odivelas.
Os filólogos dão porém, outra explicação: a palavra compõem-se de dois elementos: "Odi" e "Velas". A primeira é de origem árabe e significa "curso de água". A segunda é de origem latina e refere-se às velas dos moinhos de vento, que existiram nos outeiros próximos e dos quais podemos ainda ver vestígios. O curso de água ainda se mantém hoje.
Mas o «motor de arranque» do desenvolvimento da região parece ter sido o Rei, D. Dinis, ao decidir erguer em Odivelas, um Mosteiro.
É no Paço de Odivelas, em 1415, que D. Filipa de Lencastre, já no leito de morte, abençoa os três filhos mais velhos (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique) que partem dali, a cavalo, em direcção ao Restelo, onde embarcam para Ceuta.
É no Convento que se representa pela primeira vez, em 1534, o «Auto da Cananeia», de Gil Vicente, encomendado pela abadessa Violante, irmã de Pedro Álvares Cabral.
Enquanto isso multiplicam-se férteis quintas na Pontinha, na Póvoa de Santo Adrião e em Caneças.
O Padre António Vieira fez um dos seus sermões no Convento de Odivelas, a 22 de Junho de 1668. Almeida Garrett ocupa o preâmbulo da «Lírica de João Mínimo» com uma descrição de um passeio ao Convento, entrecortada por várias dissertações sobre poesia.
Um roubo na Igreja de Odivelas a 11 de Maio 1671 dá origem a um belo monumento, o «Senhor Roubado», que alguns descrevem como a primeira banda desenhada portuguesa, e que levanta muitas pistas sobre a forte presença da Inquisição na região.
O terramoto de 1755 causa grandes estragos na região mas leva também a que muitos lisboetas se venham fixar na zona, à procura de ares mais saudáveis.
Até meados do século XIX, Lisboa era uma cidade suja, afectada por numerosas epidemias. Os cidadãos ricos pagavam aos Aguadeiros, entre os quais os de Caneças, para lhes levarem água a casa. Caneças e as suas águas eram, então, muito apreciadas pela sua qualidade. Situam-se na freguesia de Caneças um conjunto de Fontes, que comercializaram água e que constituem um marco de uma época e de modos de vida característicos da freguesia. A venda da água de Caneças fazia-se através de carroças ou galeras, que transportavam para Lisboa e arredores a água em bilhas de barro, juntamente com as trouxas de roupa das lavadeiras e produtos hortícolas.
Com a extinção das ordens religiosas, a terra perde algum do seu fulgor. No início do séc. XX era, contudo, uma terra procurada para as férias do Verão, pelos senhores de Lisboa.
É por essa altura que a vida municipal local começa a desenvolver-se. As freguesias de Odivelas e Pontinha fazem parte do Município de Belém, na altura em que este é presidido pelo escritor Alexandre Herculano. As duas freguesias passam, a integrar o Município dos Olivais em 1885. No ano seguinte, é instituído o Município de Loures, de que fazem parte algumas freguesias que hoje pertencem ao Concelho de Odivelas. Em 1915 é criada a Freguesia de Caneças.
Começa a surgir um outro tipo de desenvolvimento, já não assente na agricultura mas na construção de bairros sociais em várias freguesias. A ligação por estrada a Lisboa, leva alguns grupos económicos a comprar na região grandes propriedades, enquanto a alta burguesia compra terrenos que transforma em quintas de férias.
É na Pontinha que, a 25 de Abril de 1974, se instala o Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas que instaurará um regime democrático em Portugal. Actualmente, este quartel integra um Núcleo Museológico, criado através de um protocolo estabelecido entre o Regimento de Engenharia N.º 1 e a então Comissão Instaladora do Município de Odivelas.
O Poder político tenta responder a essas aspirações criando as Freguesias da Pontinha (1984), de Olival Basto, da Ramada e de Famões (1989). A Póvoa de Santo Adrião passa a vila em 1986, Odivelas é elevada a cidade em 1990, a Pontinha sobe a vila (1991), o mesmo acontecendo ao Olival Basto em 1997. Neste mesmo ano, um grupo de cidadãos, defendendo um desenvolvimento próprio para a região, cria o «Movimento Odivelas a Concelho».
No dia 19 de Novembro de 1998, com o voto unânime dos Deputados de todas as forças políticas, a Assembleia da República votava, na especialidade, e em votação final global, o Projecto de Lei da Criação do Município de Odivelas. Ficando este dia, estipulado como Feriado Municipal.
No dia 14 de Dezembro de 1998, é publicado no Diário da República, a Lei n.º 84/98, da criação do Município de Odivelas referindo o seu Artigo 1º: "Através do presente diploma é criado o Município de Odivelas, com sede na Cidade de Odivelas, que fica a pertencer ao Distrito de Lisboa".
Em 20 de Janeiro de 1999, a Comissão Instaladora do Município de Odivelas é empossada pelo então Ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, Dr. João Cravinho.
Depois de 3 anos de administração, a Comissão Instaladora cessa funções, e no seguimento das eleições autárquicas de Dezembro de 2001, toma posse, no dia 4 de Janeiro de 2002, a primeira Câmara Municipal de Odivelas.
( in Breve História de Odivelas - CMO)


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